Gazela de antes do amor
Porque tenho posto em tuas mãos meu esqueleto de sombras,
Em teus olhos abertos há crecido o espanto,
Gazela de meus dias, naufrago de meu corpo.
Porque minha ânsia pule tua coxa procelosa,
Em teu codilho cresce a marca dos meus dentes,
Gazela, neve suave, mordiscada e dorida.
Porque em teus costas tremam as ilhargas, gazela,
Em tua úngula ardente crescem asas de fogo,
Gazela, aleive, salto, em minha lança empalada.
Porque caricia atreve com a sua impudica língua,
Em teu ventre escaldado cresce um jardim de escuma,
Gazela, amor, gazela, não te toque meu medo.
Gazela do Medo
Ai, gazela do medo, afunda úngula o peito!
Gazela de depois do amor
Não te aflitas, poeta, se seu corpo voara
Se o jardim aromático de seu ventre voara
Se seus duas coxas cheias, rija carne voaram
Se seus olhos temíveis, se sua boca voaram
Se seu sonho e seu história, se seu amor e seu cama
Se seus dentes branquissimos, se sua saia esponjada
Se de verdade voara, não haveria por quê afligistes
Sempre haverá um coração que lhe brinde morada
se voara, voara.
Gazela da Sombra
Não é teu andar pela terra
é o salto de neve desde teu colo
funda
Não é teu andar pelas pedras
o baile de codilhos acossados
a exatidão
o vento
Não é teu andar
se te sigo
o que me pisa ardente
Não é tua branda úngula
é tua sombra.
Gazela muito Longuiqua
Deixo cair os braços
minhas mãos não chegam até ti
cada osso
cada nervo estirado
cada deslocação
não é bastante para tocar teu pêlo.
Quanta terra afasta nosso abraço
quanta fragilidade há em meu gesto.
Deixo cair os braços
Ó nuve de teu acento
dissipada.
Gazela do ferragem imposto
Gazela de água, vem, abre meu peito
escarda, abrasa,tunde
trisca aveia
que ja faz trilhado ossos
minha face
e a flor de mim
gazela
teu mordedela
marca a ferro minha pele;
eu sou teu rebanho.
Gazela do Coração Bizarro
Sim de aspereza hão,
teus olhos plenos
com ver-me; ainda que bizarro
meu coração explore
lamento e pranto
ao rededor da tua
luz preciossísima
em que o ar curva-se
e trema grácil
gazela de formosura
o salto o võo
Ai aguilhão enxerto
ai tua úngula!
Gazela do fragil costelame
ai que não me arranha
tuza ungula ganha
ai lua derradeira
tua branca cadeira
se estilha ai! se gela
tua fragil costela
ai que me destroça
desejada rosa
Gazela do desejo postergado
Do oteiro pelas costas
Tua carne gracil voa
Escuece pedra dura
ai branda tua ungula
Marca ferro o ilhar
Minha espinha seminal
Tua cadeira motejada
pelo onde baixa o agua
Em tuas coxas demora
Minha lingua por tua rosa
Ai que tocar não pude
Eras só uma nuvem.
lunes, 25 de febrero de 2008
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